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Papel e Caneta

Papel e Caneta

31
Jan20

Desafio de escrita dos pássaros #2.1

Fogo sem supervisão

Ana Catarina

Isto de me apaixonar um dia dá para o torto...

Há coisas que simplesmente devemos evitar, como por exemplo comer laranja à noite. Todo o português que se preze conhece o provérbio popular de cor “de manhã ouro, à tarde prata e à noite mata”. Estes aforismos existem por alguma razão, alguém outrora morrera por causa do raio da laranja e lá pensaram: “Epá, isto de comer laranja à noite é capaz de não ser boa ideia, é melhor deixar registado para gerações futuras não incorrerem no mesmo erro”.

Porque é que ninguém faz isso em relação ao amor? Bom, pensando bem Camões tentou, com o já conhecido “Amor é fogo que arde sem se ver” mas acho que a mensagem não foi passada de forma correcta, continuo com a sensação de que as pessoas não entendem a gravidade da comparação. Pessoal… Alô!! O Fogo queima!
E não há nada pior, do que um fogo estar a arder sem qualquer tipo de supervisão. A meu ver é um perfeito começo para um incêndio de grandes dimensões. É assim que se perdem florestas e se dão as grandes desgraças. Convenhamos, se ninguém o vê, então ninguém o vai apagar. Não tarda estamos em pé de igualdade com a Austrália. Têm a certeza de que se querem mesmo meter nisso do amor?

Sinceramente a mim não me apetece nada ficar com uma queimadura de 3º grau, ou pior, sair com o cabelo ou as roupas a cheirar a fumo. É que a queimadura ainda passa, um bocadito de pomada, umas ligaduras e tal. Mas e o cheiro que fica impregnado na roupa? Disso ninguém fala.

Pois, o amor é muito bonito e tudo mais, mas ter uma camisola ainda a cheirar a fumo passado quinze dias nem por isso. É que, lava-se, seca-se, põe-se a apanhar ar e mesmo assim o raio do fumo parece que foi um defeito de fabrico.

E mesmo que se guarde a roupa no sótão e só a voltemos a encontrar passado uns bons aninhos, ainda lhe reconhecemos a faro o fogo que lhe deixou com aquele cheiro característico.

É que já não é roupa, é memoria de um fogo que ardeu sem se ver. De uma laranja que não se devia comer à noite. De uma coisa que, bem lá no fundo, sabíamos que ia correr mal.

30
Jan20

Eles andem aí

Ana Catarina

Pensei seriamente não escrever nada hoje, mas é inevitável. Por pouca inspiração que tenha há sempre um tópico qualquer que persiste e insiste em me sussurrar ao ouvido para que o esmiúce. Desta vez é algo do conhecimento de todos, inclusive acredito que parte da nossa comunidade aqui do sapo faça parte ou conviva com as pessoas a que me refiro… Mileniais

Ora, que termo tão arrojado, tão futurístico e que nos remete para filmes com actores como  Michael J. Fox ou Christopher Lloyd.  Pois bem, não tem, DE TODO, qualquer tipo de ligação.

Por muito que tenha muito a falar sobre a espécie vou-me focar apenas num acontecimento que se deu esta semana com uma aluna (de explicação) minha durante um tempo lúdico…

Eu tenho o hábito de de vez em quando (mais vezes que o necessário) partilhar coisas do passado e da minha adolescência com as minhas pestinhas. Sejam músicas, filmes, livros, histórias engraçadas, etc.

Aconteceu, como tal, que esta semana quando estávamos num desses tantos momentos de partilha, lembrei-me de uma música e fui ao Youtube*.
Ao principiar da música a minha aluna por excesso de confiança (autorizada) pegou no meu telemóvel, parou o vídeo e desceu até à parte das visualizações. Eu impávida e serena sem entender patavina do que tinha acontecido para ela parar o vídeo perguntei “Então?” à qual obtive a seguinte resposta. “Era só para ver quantas visualizações tem, para saber se é famosa”

Conseguem imaginar o facepalm que aconteceu na minha imaginação?

O vídeo voltou a tocar, a minha pestinha de 8º ano apreciou a música e prosseguimos como se nada tivesse acontecido, mas dentro da minha mente já tocavam sirenes.

E surgiu-se-me assim a modos que em néon: Mileniais, eles andem aí.

Eu que pensava que isto não chegaria à minha tenda, ora caramba, chegou mesmo e logo com uma das minhas alunas mais terra-a-terra.

Bom mas passo a explicar o porquê de tanto alarmismo, possivelmente até exagerado…

Tanto quanto me recordo e, tendo em conta que sou da geração que viu o youtube a nascer, não tenho ideia de alguma vez termos valorizado mais as visualizações do que o conteúdo. Não me lembro, de todo, de alguma vez ter parado um vídeo para ver as visualizações por livre e espontânea vontade.

Víamos vídeos porque gostávamos, porque tinham piada, porque a musica era porreira, a quantidade de pessoas que o tinham visualizado era-nos, completamente, descartável.
E o mais interessante é que tampouco os youtubers da altura se preocupavam com isso. Faziam por gosto, não por “Gostos”. De quando em vez lá pediam um Thumbs up ou uma “subscriçãozita”. Eram outros tempos. Até posso aqui enumerar alguns dos youtubers que eu seguia à época, Shane Dawson, Charlieissocoollike, Jennxpenn, SuperMac18, Zoella, PointlessBlog e quando começaram a aparecer em Portugal: SaKe, Nurb, TiagoRawr (TRS), Leitão, Peperan, MôceDumCabréste, AnnyisCandy, helfimed.

Em conclusão, choca-me o facto de que para esta geração os números sejam tão importantes. "Ah, se tem um 1 milhão de visualizações deve ser bom"… Só que não, se calhar é só um senhor a comer uma melancia durante uma hora.

 

* (em caso de dúvida é aquele aplicativo maravilhoso que funciona como uma espécie de buraco negro, adentro do qual somos sugados  com o simples objetivo de assistir um vídeo completamente normal, todavia, quando damos por nós é 1 da matina e estamos a ver um senhor a comer uma melancia, inteira, sozinho ou um outro senhor a construir uma piscina no meio do mato)

25
Jan20

Distância

(nunca sei que titulo dar aos poemas)

Ana Catarina

Que é das pontes que nos uniam?

É que ouvi dizer que elas ruiram

Não é que eu  tenha procurado saber

Ou tentado chegar

É uma distância longa demais a percorrer

Seria louca por tentar

 

É um rio denso demais para atravessar

Não que eu tenha tentado

Mesmo que fizesse nunca teria chegado a bom porto

Ouvi dizer que os barcos já não passam por aí

Não têm onde atracar

Não existe forma de chegar a ti

 

Já não há nada que nos ligue

Mesmo que te ligue sei que a linha estará ocupada

Por alguém que não atravessaria um rio a nado

Só para estar perto

Ficar desse lado

Não que eu o tenha feito

Longe de mim

Ir tão longe assim

Só para tentar

Uma última vez

Mandar embora a saudade em mim

 

Mas é longa a distância que nos separa

Mais do que o rio que por nós passa

Passa o tempo que só aumenta o espaço

E tenta fazer-me esquecer num passo

Que um dia houve pontes

E barcos até

Quando a distância era tão curta

que se percorria a pé.

 

 

24
Jan20

Pré desafio de escrita dos pássaros

Ana Catarina

Hello there,

Escrever faz-nos bem à alma e à memória, à que fica e à que vai, porque fica tudo registado de uma forma ou de outra.

O que me levou a participar no desafio, na verdade, foram, primeiramente, os comentários que recebi no blogue logo no meu primeiro post, pelos quais estou super grata pois deram-me a conhecer este projeto (se assim lhe posso chamar?). Segundo, pela necessidade incessante de dar asas à imaginação (no pun intended).

Esta iniciativa promove coisas muito boas, uma das quais para mim é o facto de nos obrigar a sair um pouco das redes sociais e tirar um tempo para fazer algo produtivo, parece que não, mas fazer coisas produtivas está a ficar em desuso, está a roçar no arcaico e é bom que ainda haja alguém a incentivar o pessoal a usar o cérebro. 

Espero, genuinamente, que este desafio me roube bastante tempo, que me faça escrever muito e com mais regularidade.

Espero também que de alguma forma este desafio me ajude  na tarefa de não abandonar o meu blogue, porque a quantidade de blogues que criei e que abandonei ao longo dos anos é deveras irrisória e desastrosa. É que nem estou a exagerar! É quase como se eu tivesse criado um blogue para cada fase da vida por que passei, se juntarem esses pedacinhos todos têm uma espécie de puzzle (auto-retrato) montado ainda que com algumas lacunas. Mas há pecinhas por aí espalhadas, entretanto, parte delas, reunidas 14 anos depois no papel e caneta.

Não pensem que me orgulho daquilo que escrevi a ponto de querer deixar aqui no ciberespaço para que possam ler, nada disso. Acho sim importante nós próprios termos um mapa da nossa jornada, de onde viemos, por onde paramos. Todos os lugares fazem parte do percurso. Tudo é aprendizagem tudo coopera para o nosso crescimento. Tudo é importante. Afinal como melhoramos se nunca erramos? Como aprendemos se nunca exploramos?

Em resumo espero muito, mas não demais

Pois não quero criar expectativas irreais

que eu não consiga cumprir

E no fim acabar por desistir

22
Jan20

A prova

Ana Catarina

Não está nas rugas de expressão
Nem nas forças que se vão
Sei que ainda é cedo para isso
Mas confesso que me empreguiço
E uso isso como razão

 Não está nos cabelos que ficaram brancos
 Até porque não tenho nenhum
 Nem nas trocas de nomes
 Mesmo que já me aconteça
 Com alguma frequência
 Não é demência é apenas convivência

Descobri hoje a prova de estar a crescer
Hoje falaram de ti
E de repente o meu coração já não quis doer
Quando ouvi uma canção
Já não foste tu a quem a liguei
E até confesso que pensei que
não haveria mais ninguém

Mas afinal cresci
Estou a ficar velha
Não pela minha idade
Mas porque a vaidade já não é tudo
Aprendi que nada é absoluto
E que o amor por ser sincero
Deixa partir
E fica tudo bem
Mesmo quando não está
E doi um bocadinho menos todos os dias
E as memórias que outrora fizemos são só fotografias
Num álbum ou num baú
Dou por mim a relembrar os tempos em que achava que eras tu

Deste bons poemas
Escrevi-te tantas canções
Nunca ousei usar esquemas
Era simples e sincero
Já passou amor,
Já foi
Já fomos
O que havia para se ser
Nem Romeo, nem Julieta
Conseguiriam sobreviver
Quanto mais nós
Virámos história para contar aos outros
Que nem sabiam da nossa existência
De quando
Palavras soltas
Sem sentido nenhum
Faziam todo o sentido ditas por alguém como tu

21
Jan20

A gatuna da minha gata

Ana Catarina

Estou a tornar-me numa versão bípede do meu felino, a sério que estou!

Costuma-se dizer que com o passar do tempo e da "convivência" os animais vão ficando mais parecidos com os donos. Ora... não é de todo o meu caso.

Recentemente, tenho reparado que estou cada vez mais parecida com ela, sim é uma gata.

Vocês que têm a felicidade e a honra de ter um filho felino conhecem distintamente o seu tipo de comportamento. Para os meros mortais que não têm a oportunidade de privar com a espécie, passo a esmiuçar o dia-a-dia de um felis catus (fui pesquisar o nome cientifico deles e tudo!) da forma mais singela possível.

Acordam quando lhes dá na real gana depois de nos passarem por cima umas quantas vezes até se aninharem de uma forma que nos impossibilita de nos movermos durante a noite. Bom... não é que não nos possamos mexer, é que eles ficam tão aninhadinhos, às vezes até ronronam e a mim falha-me a coragem para a expulsar mesmo que tenha a perna imobilizada de estar a dormir na mesma posição há horas. Mas prosseguindo, alimentam-se conforme lhes convém e caso não haja alimento suficiente (no ponto de vista deles) na taça que está praticamente cheia, ficam parados a olhar para nós do estilo: "humano tu por acaso achas que eu vou enfiar o focinho na taça?". Depois disto e de eventuais idas à caixa de areia e das guerras travadas dentro desta entre a minha gata e a areia, chega o momento da melancolia, do sentimento de abandono e da vontade irremediável de querer ficar em casa para não deixar o bichano sozinho durante 8 horas. 

E os nossos animais ficam parados a olhar para nós perto da porta, já conhecem as nossas rotinas apesar de não entenderem do que elas se tratam, nós saímos e a partir do momento em que a porta se fecha é pleno mistério... Mas eu cá desconfio que a minha gata treina para os Jogos Olímpicos quando não estou. Bom, quando não estou e quando estou a dormir também, se bem que durante a noite ela dá mais para o parkour. A sério, a minha gata dava um bailinho ao pessoal da minha geração que achava que subia muros com um salto a pés juntos.

Para ser sincera nunca entendi essa história de Parkour, é certo que não sou a melhor pessoa para falar de qualquer tipo de atividade física visto que sempre evitei ao máximo participar nas aulas de EF, mas isso são outros 500.
Retomando, o Parkour não faz sentido nenhum para mim, (perdoem de antemão a ignorância e a indelicadeza) sempre vi esta atividade como sendo útil apenas para gatunos (gatunos ... gatos.... estou a começar a ver aqui um paralelismo). Afinal quem mais precisaria de saltar de uma janela, subir para um telhado, saltar para outro telhado, descer agarrado a uma caleira, saltar um muro, e fazer tudo isto a correr? Gatunos!!! 
Correr já é mau, correr com obstáculos é todo um outro nível de maldade. Pure evil!

Mas à parte do Parkour, no qual a gatuna da minha gata é um Ás, aquilo que ela faz mais é dormir e comer. 
E é aqui que nos encontramos, recentemente é o que mais tenho vontade de fazer, comer e dormir. Deito-me com sono, acordo com sono, e a fome nem se fala.... Até podia ser TPM, mas começo a achar que ela me hipnotiza durante a noite e me faz praticar Parkour com ela.

17
Jan20

"O nome não é válido"

Ana Catarina

Ora viva,

Cerca de 14 anos depois voltamos a encontrar-nos. Neste caso, fui eu quem se rendeu de novo a esta plataforma (filha pródiga).

Que falta de chá, nem me apresentei, Ana Catarina, 26 anos, muito gosto.

O Sapo provavelmente já não se lembra de mim mas na minha gaiatice criei um blog daqueles dos clubes de fãs e na altura foi para o Pedro Madeira, um jovem cantor que participara no Festival da Canção Júnior.

Na verdade acho que foi o primeiro cantor de quem gostei de forma autónoma pois todos os anteriores tinham sido por influência, mas já lá vamos... Como referi o blog era de apoio ao Pedro e lembro-me, vagamente, de investir algum tempo naquilo, nos layouts, na galeria de fotos, nas publicações, tudo com o simples propósito de atrair a atenção dele. Tal nunca aconteceu e como tudo na adolescência é uma questão de tempo, as vontades, as modas e os gostos (correlacionados ou não) alteraram-se.  Por esta razão tive tantas paixonetas e fui fã, mesmo, mesmo fã, de tanta coisa

Logo depois do Pedro Madeira viria a banda que mais me marcou, os Jonas Brothers, eu sei, eu sei que para muita gente é uma parvoíce mas é como se costuma dizer "nunca se esquece o primeiro grande amor". Depois claro a Hannah Montana, David Archuleta, Chris Brown. Mas o meu histórico musical remete para a minha infância, tempos em que pulava, dançava e sabia de cor músicas dos Anjos, dos Onda Choc... Nasci no tempo dos CDs e cassetes mas nada como os vinis dos Onda Choc da minha irmã a tocarem no gira discos na sala da minha avó.

Ouvia também Laura Pausini, Backstreet Boys e Britney Spears, e sabia as músicas  de cor (ou pensava eu).

Daí até à minha adolescência foi sempre a somar com as benditas "fandoms", cheguei até a gostar, e muito, dos One Direction (é que nem queiram saber), e por causa do livro do Miguel Araújo fiquei, esta semana, sem saber como se diz se "One Deerection" ou "One Dáirection".

 

Depois do bloguezito de fãs do Pedro Madeira, tive outros tantos com foco incerto, uns mais estilo Diário, outros ligados ao ensino, outros mais virados para a fé e desabafos. Todos eles sediados em outras plataformas, podia, posso e talvez diga que: Sim, já percorri o mundo da blogosfera. Não sou de todo perita nisto, mas já passei por muitos formatos, layouts, temas, nomes, banners, títulos. E posso dizer com sinceridade que a parte mais maçadora disto aqui é a escolha de um nome. A sério, desanima qualquer um.

Tens uma ideia excelente e pimbas "não é válido", "not available", "já está escolhido". Não sei se sou só eu mas quando é um nome que quero mesmo fico com curiosidade e acabo por pesquisar o tal blog que tem esse nome e fico aborrecida quando vejo que é um blog abandonado que já não tem posts novos há uns 10 anos ou mais.

E no fundo isto faz-me pensar... Talvez pessoas passem por isso comigo porque já abandonei tantos blogs e voltei a criar outros só por não querer apagar as relíquias que neles se encontram.

Uma solução para isto era eu juntar os posts de todos num só blog, como é que só me lembrei disto agora?!

Bom, mas enquanto isso não acontece volto para o Sapo sem saber muito bem o que fazer por aqui. Só espero que não seja mais um "o nome não é válido" de alguém que quisesse muito e no fim o descubra abandonado.

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